
Cheguei aqui em abril de 1986, um ente estranho, o cisco na ostra. Conseguimos trabalho antes de moradia – ainda era caixa de um banco no centro de porto alegre, conheci as pessoas primeiro, os lugares depois, uma delas dona maria mãe de muitos filhos, em sua grande maioria pescadores, num rancho da barra da lagoa, que – com a chegada massiva de turistas e novos habitantes, acabou virando um pequeno restaurante. no fogão improvisado saíram as delicias que me mergulham hoje, quarenta anos depois, naquele ar, misto de maresia e fritura: as melhores iguarias: ova de tainha, pirão de náilon e é claro peixe- frito em postas, além do arroz, o feijão e a salada modesta. As conversas sempre muito divertidas, salgadas pela melodia do sotaque ligeiro, com ela e os outros personagens daquele lugar tao singular, ali comecei a gostar do povo do mar. Estou num frenesi às voltas com um campeonato estadual, muitas pessoas, muitos personagens, muitas competições e eu aqui, pensando em vocês, pensando em fazer aquilo que mais gosto, a mão na massa, os aromas da manha de quinta, o abacaxi, as uvas, aquele cheirinho de pão que toma de assalto a casa inteira. Então, depois de amanhã tem, ensaio do canta, terapia, produção e entrega dos pães da semana. Como estou um pouco atrasado vou receber os pedidos até quarta final do dia – só vou limitar a quantidade do pão italiano pois prefere uma fermentação mais lenta, as outras iguarias – que não lembram o mar, mas tem cheiro de terra, de ar, lembranças e de alegria à mesa, estas sim estarão disponíveis para essa quinta! uma cuca e um beijo
11/06/24
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